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MARIA NAZARETH SOARES FONSECA
( Minas Gerais – Brasil )
Doutora em Literatura Comparada pela UFMG. Professora Adjunta da UFMG ? (Aposentada em 1994.). Professora Adjunta do Programa de Pós-graduação em Letras da PUC-Minas, Período 1995 a 2018. Pesquisadora 1D do CNPq. Coordenadora do GEED e da Seção literÁfricas do site literafro. Autora dos livros: Brasil Afro- Brasileiro (2000); Poéticas afro-brasileiras (2003); Literaturas Africanas de Língua Portuguesa: percursos da memória e outros trânsitos (2008), Mia Couto:espaços ficcionais (2008). Literaturas africanas de língua portuguesa: mobilidades e trânsitos diaspóricos (2015). Co-organizadora volume 4 da coletânea Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica (2011).
Informações coletadas do Lattes em 23/03/2022 – ESCAVADOR
ANTOLOGIA ME 18. Mulheres Emergentes. Belo Horizonte: Anome Livros, 2007. 112 p. 14 x 205 cm Ex. bib. Antonio Miranda
Na Antologia aparece como NAZARETH FONSECA.
FAMÍLIA
Meu pai sonhava cavalos
minha mãe fazia caldos,
cozinhava os seus anseios
na lenha lenta do fogo.
Meus irmãos se desgarraram
das saias curtas da casa
ganharam o mundo distante
almejado por meu pai.
Minha irmão no seu bordado
sonhava com o momento
em que o príncipe encantado
saltaria da cambraia
e fugiria com ela
pelos matizes do azul.
PICASSO
A espanhola se mostra
sob o olhar da mulher.
O leque, as flores, a mantilha
desmancham a sisudez
dos traços tão costumeiros
do rosto sem grande trato
da esposa, mãe, dona de casa,
mestra do lar.
Sonhos e fantasia
enovelam-se aos gestos da mulher
cigana.
Os olhos da espanhol
profundos e sensuais
aquecem o corpo sufocado.
As noites quentes de outono
batem castanholas
em Toledo.
PICASSO II
Tirar de dentro de mim
a ânsia de viver
o sonho impossível.
Depressa.
Dançar na praça de touros
lancinante espanhola,
descer na estação de trem
misteriosa de luto,
e se perder pelas trilhas
entre trigais e cerejas.
PROJEÇÃO
Imaginamos nossa vida monótona
Invejamos a daqueles que achamos não ser
Esquecemos que é a nossa mesmice sonhando a
não monotonia do outro
Com isto tentamos destruir no outro o que se
encont+a destruído em nos
PAISAGEM
São silhuetas, grafites
os traços que serpenteiam
nessa paisagem outonal.
Ondas de luz
no céu de cinza
Silêncio!
TRIVIAL I
No varal penduro a roupa
para secar meus lamentos.
O vento bate, de agosto,
leva dor, traz sentimento
Nos vasos em flor da janela
brotam desejos e tormento.
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Página publicada em abril de 2022
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